"É um negócio pró menino e prá menina. Vai ser a primeira privatização na história de Portugal, em que a empresa que fica com o que é público não só não paga nada como vai receber", disse Louçã durante a sua intervenção num comício em Portimão..Para Francisco Louçã, o cenário da concessão da RTP1 a privados e de encerramento da RTP2, divulgado pelo consultor do Governo António Borges, na quinta-feira, "é de facto uma privatização".."No momento atual, não sabemos se isto é uma confusão do Governo, se é uma manobrinha de um assessor a puxar a brasa à sua sardinha, ou se é mesmo a ideia de entregar a privados a RTP", sublinhou o coordenador do BE..É que, segundo Louçã, durante o dia de sábado aconteceu uma coisa espantosa: "O ministro do CDS veio dizer que não sabia de nada, do homem que em nome do Governo apresentou uma posição. Horas depois, o ministro da Defesa disse que daqui a algum tempo, o ministro Miguel Relvas sairá da clandestinidade e dirá a última palavra sobre o assunto"..O dirigente bloquista acrescentou que o modelo divulgado, permitirá à empresa que ficar com a RTP arrecadar lucros na ordem dos 140 milhões de euros por ano com a taxa cobrada aos contribuintes "sem qualquer esforço ou mérito".."Só um Governo com tanta imaginação é que poderia chegar a uma conclusão destas. Que Governo é este que pode dar tudo a alguns, quando o que está a dar aos outros, é claustrofobia", destacou..No seu discurso, na zona ribeirinha de Portimão, Francisco Louçã, falou ainda da quinta avaliação que a 'troika' fará a partir de dia 28 de agosto a Portugal, manifestando-se apreensivo com a degradação das condições sociais dos portugueses, "ao contrário do que o Governo quer fazer crer, ao dizer que está tudo a correr bem".."Há tanto improviso nisto, que é como se o Governo tivesse algumas parecenças com aquele caso daquela senhora espanhola que se ofereceu para retocar uma pintura do século XIX de Jesus Cristo", ironizou Francisco Louçã.."O Governo, como ela, propõem-se fazer uma tarefa para o qual não tem a mínima ideia como se faz. O resultado é uma autêntica borrada", observou o dirigente..Acrescentou que, "neste caso, o Governo sabe bem o que está a fazer, porque ao facilitar os despedimentos, o resultado é despedimentos e aumentar os custos com a saúde e educação, é penalizar os mais pobres".."Não temos espaço para mais austeridade. Recuperar a economia, é a sensatez que Portugal precisa e, um ano depois da 'troika', já não podemos continuar a percorrer o mesmo caminho", concluiu.